OS Dez Mais

PREF?CIO Olhar para o pr?prio abismo e n?o fugir dele exige coragem moral, comum aos esp?ritos livres; e neste caso, os poetas s?o as prim?cias entre os humanos.

Contudo, mesmo entre os poetas, h? muitos que ao regressar dessa viagem interior voltam transformados, alguns desistem de prosseguir com seu sacro-of?cio.

Outros, uma minoria, que volta convicta do que realmente s?o, estes s?o poetas, os grandes poetas, poucos entre n?s.

Costumo dizer que n?o h? prazer maior para um poeta, do que reconhecer outro poeta da mesma estirpe, apenas neste caso, poetas se tornam cr?dulos e at? adoradores de outros poetas vivos.

Pensando nisso, na necessidade que temos de viver esta experi?ncia, foi que resolvemos editar este livro: Os Dez Mais, com objetivo de selecionar poetas bons, poetas incr?veis, como ver? o leitor ao descobrir os poetas alistados abaixo. (..) Ah, imposs?vel ser somente vento

nas ruas. Um sentido de mar no cais

com a ilha na carne.(...) Emil De Castro Emil de Castro ?, para mim, um grande poeta, daqueles que sentimos prazer em conhecer pessoalmente, eu tive este privil?gio, pois j? o conhe?o h? muitos anos. Quando o encontrei, no Rio de Janeiro, logo reconheci um gigante, na simplicidade e humildade, coisa incomum entre os poetas, mas ao descobrir sua imensa e complexa obra, que vai do verso ? prosa, contos incr?veis e at? como historiador cuidadoso, foi que percebi, diante de quem eu estava. Aqui tem apenas um aperitivo do seu laudo baquete de palavras, usadas com maestria de g?nio. Outra descoberta valiosa, desta feita, por Iranete do Carmo, foi Ludmila Saharovsky. Poeta de origem europeia, com toda carga emocional das guerras e conflitos de sua gera??o, poeta que escreve com sangue, no sentido mais amplo da palavra. N?o se trata de poeta revela??o da Editora do Carmo, pois ela j? tem uma careirra consolidada, ? bem conhecida, e seu trabalho j? tem reconhecimento relevante no Brasil. (...) Em teu ?tero f?rtil

a ?gua bate, rebate

remoendo formas

modelando o barro.

Teu sopro transforma-se

em carne, pele, ossos, asas.

Incontida ternura

envolve a cria??o

que de ti se aparta

e ent?o, a inevit?vel queda

e o esquecimento.(...)